LOCADORAS DE VÍDEO DO BAIRRO AUGUSTO FRANCO, TRAÇAM
ESTRATÉGIAS DE RECUPERAÇÃO NO MERCADO.1
Depois de enfrentar uma grande crise com a pirataria, downloads e, TV por assinatura – que refletiu diretamente no fechamento de lojas, quedas nas vendas e redução no quadro de funcionários – as locadoras de vídeo do Conjunto Augusto Franco, comemoram o retorno, aos poucos, dos seus clientes e preparam melhor seu estoque para as férias.
As locadoras estão enfrentando uma crise muito séria. Os ataques do mercado informal provocaram o fechamento de algumas lojas. As mudanças nesse cenário, deve-se a ação da Promotoria Pública em conjunto com a Prefeitura Municipal de Aracaju, Receita Federal e da Associação de Vídeolocadoras numa ação anti-pirataria: fiscalização da EMSURB em feiras livres,
apreensão de Dvds e Cds piratas desenvolvidas pela Receita Federal, autuação e campanha educacional do Ministério Público. Mas, não somente isso nota-se também que há uma boa parcela de clientes que passaram a não comprar ou assistir mais os vídeos piratas: “Em sua maioria, eles apresentam defeitos ou não funcionam como deveriam, a gente já está cansado de ver e, além disso, já assistimos a todos os lançamentos do cinema.” (diz Flávio Teles,
cliente). Antes da ação conjunta, os proprietários de vídeo-locadoras disseram que as perdas chegavam a quase 50% do faturamento, hoje vem caindo para 30%.
Mas não são somente as perdas que incomodam. Os donos de vídeolocadoras, por falta de condições financeiras, demitiram seus melhores funcionários e agora são eles que administram e assumem todas as atividades: atendimento, compra e venda, limpeza, gerenciamento, isto é, assume todo o trabalho manual e intelectual. Vários outros proprietários também apontam quedas em suas locações: “Antes eram 200 locações por semana, agora não passam de 70!” (diz Fábio Santos-atendente de locadora). Em sua maioria, os proprietários tiveram que em 03/06/08 recorrer a créditos bancários ou de terceiros para quitar seus compromissos e
comprar menos cópias de títulos. Quem comprava 10 mídias, agora compra somente 4 por mês.
Outra estratégia encontrada pelos donos de locadoras do Augusto Franco, foi: “Atrasar a compra de títulos” (Diz Geraldo da Loc-Reloc). Filmes que chegam a custar até R$ 120,00 por unidade, depois de 3 ou 4 meses caem seu valor para menos da metade, conclui Geraldo, Dessa forma, os
proprietários perdem em número de locações, mas conseguem comprar por preços mais acessíveis.
Assim como foi gradativa a queda, assim também será a recuperação de posicionamento no mercado. O número de funcionários a princípio não irá ser alterado, mas uma renovação de estoque será mais visível. O diferencial de manter um acervo com filmes que deixam de ser
procurados pelos clientes, é o que tem ajudado a algumas locadoras a se manterem no mercado. Enquanto em sua maioria, as locadoras descartam seus Dvds por falta de procura ou de espaço em seu ambiente, outras mantêm seus estoques elevados e diversificados atraindo os clientes que procuram por um bom filme, não necessariamente “lançamento”. Os consumidores, por outro lado, ainda insistem em comprar os chamados “piratas” e nem se incomodam se o reprodutor de Dvd ou se as mídias demonstram defeitos; “O que vale é o preço!” (diz Gabriela Cunha cliente).
Assim como Gabriela, a maioria dos clientes justifica a compra pelo “pirata” porque o preço das locações é caro e que ainda tem a obrigação de devolver com 24 ou 48 horas: “Nem sempre tenho tempo de ir a locadora no horário marcado até 19:00h para fazer a devolução, depois disso é cobrado multa! Já o pirata não, você assiste quando quer e não precisa devolver!” – completa. As locadoras contra-atacam reforçando dizer que livrar somente o bairro da pirataria não garante a segurança e nem os clientes de volta as lojas, seria preciso impedir todo o comércio ilegal e ajustar os preços para facilitar a locação. Insistem também que a solução seria uma educação consciente, começando pelas escolas do bairro e, não somente falar do Dvd ou Cd pirata e sim de todos os produtos ilegais que estão a venda no comércio informal, talvez assim houvesse uma melhora no comércio.
1Por Kyrenia Grece Freitas Teles Figuerêdo, micro-empresária, proprietária da Exxa Filmes Vídeo-locadora e graduanda em Administração da Faculdade São Luís de França, em 03/06/08
